Medula Óssea

“Doação de medula óssea pode salvar uma vida e não causa paraplegia”, explica especialista



De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer*, entre os anos de 2020 e 2022, o Brasil registrou mais de 10 mil diagnósticos de leucemia, o câncer que acomete as células do sangue, que podem ter sido causados pela exposição a produtos, substâncias ou misturas presentes em ambientes de trabalho. Em 2021, 4,2 mil pessoas perderam a vida na fila de espera por um transplante de medula óssea. Este tipo de câncer pode ser curado através do transplante de medula óssea.

Apesar da cura parecer simples, é necessário encontrar um doador compatível geneticamente. No entanto, a probabilidade de encontrar um doador 100% compatível na família é de 25%. “Herdamos nossa tipagem HLA metade do pai e metade da mãe”! o que determina 25% de chance de cada irmão ter herdado a mesma tipagem HLA de seus pais. Dois irmãos que herdam o mesmo HLA dos pais são irmãos com HLA idêntico”, explica a médica hematologista Leila Perobelli, docente do curso de Medicina da Universidade Anhembi Morumbi, integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil: o Ecossistema Ânima.

Caso a pessoa não tenha um doador compatível na família, entra para a fila do banco de doadores, onde sua chance diminui drasticamente, para 1 a cada 100 mil doadores. “É por isso que campanhas como o Fevereiro Laranja, que acabou de acontecer, são necessárias. Precisamos derrubar tabus e espalhar informações confiáveis para que novos doadores se cadastrem e salvem vidas”, enfatiza a médica.

Ao contrário do que muitos pensam, doar medula óssea não é perigoso e o material genético não fará falta ao doador um dia. “O procedimento de doação de medula óssea não tem como complicação a paraplegia, como muito já foi espalhado por aí. O material é coletado da região da bacia e não da medula espinal”, explica.

Além disso, ressalta a especialista, primeiro o candidato a doador realizará um cadastro, quando é feito uma coleta simples de sangue para a tipagem HLA (compatibilidade genética). O doador será convocado no caso de aparecer um paciente com a medula compatível com a dele e realizará vários exames de sangue, refazendo o teste de compatibilidade, além de ser avaliado por um médico. “Neste momento ele dará sua autorização para a doação ou poderá desistir”.

Para se tornar um doador de medula óssea é necessário ter entre 18 e 35 anos de idade (Portaria nº 685, de 16 de junho de 2021), estar em bom estado de saúde e não ter doença infecciosa transmissível pelo do sangue, como HIV ou hepatite.

A doação pode ser feita através de coleta de células tronco hematopoéticas (CTH) da medula óssea (responsáveis pela renovação das células do sangue), diretamente dos ossos da crista ilíaca posterior, a bacia, procedimento realizado em centro cirúrgico, sob anestesia local, utilizando agulhas especiais e seringas. O procedimento tem duração entre 90 e 120 minutos. “Não são realizados cortes na pele do doador. Ao final do procedimento ficam apenas 3 a 5 furos de agulha e o doador sente apenas leve dor no local das picadas. Não é necessário realizar repouso”.

As CTH também podem ser coletadas através de máquina de aférese com acesso periférico. “O doador fica ligado à máquina, que separa o material genético, enquanto o sangue é retirado”, explica. Atualmente, a maior porcentagem dos transplantes é realizada dessa forma, no entanto, o procedimento depende não só da vontade do doador, mas da doença do paciente receptor.

Importante!

Para ser um doador de medula óssea (MO) deve-se procurar um local de cadastro de doadores ou um hemocentro autorizado

Os dados e a tipagem HLA serão cadastrados no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). É muito importante o doador manter o REDOME atualizado com os seus dados pessoais para que seja encontrado quando necessário.


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